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Problema para uns, sobrevivência para outros

Comércio informal ganha força nas principais ruas do Centro e preocupa lojistas

Carlos Queiroz -

As abordagens pelas ruas do Centro de Pelotas, feitas por ambulantes, são uma prática antiga na cidade. Há oferta de cintos, meias, DVDs, CDs e até máscaras - novo item incluído em função da pandemia. O cuidado para desviar dos produtos à venda pelos mais variados espaços do Calçadão da rua Andrade Neves e pelas calçadas da rua Marechal Floriano é uma realidade para quem transita pelos locais e um motivo de dor de cabeça para lojistas centrais.

Em conversa com a reportagem, um ambulante atuante há cinco anos no Centro diz que já perdeu as contas de quantas vezes teve a mercadoria apreendida e que, inclusive, já foi detido pela venda. Ele fala que entende que este é o trabalho dos fiscais e policiais, mas que vender seus produtos também é o seu trabalho. "Sou honesto, é meu sustento", aponta.

"O pessoal diz que não estou pagando nada para estar aqui, mas compro cafezinho toda hora, almoço nos restaurantes todos os dias, pago estacionamento do meu carro, coloco gasolina nele. Se quero comprar um óculos, vou numa ótica. Meu dinheiro não está parado num banco, ele gira aqui", defende o vendedor.

Sobre a hipótese de migrar para o Pop Center, ele descarta. "Preciso pagar pensão, alimentação, gasolina, minha mercadoria, só o aluguel lá já ia me tirar muito dinheiro", completa.

Desigualdade e prejuízo

O presidente do Sindicato dos Dirigentes Lojistas (Sindilojas) de Pelotas, Renzo Antonioli, avalia a situação como algo ignorado pelo Poder Público e destaca que os transtornos gerados afastam os clientes das lojas. "Traz muitos prejuízos para quem está estabelecido, com várias despesas muito significativas para manter as portas abertas", pontua.

"É uma situação antiga, mas o Executivo atual faz 'olhos brancos' para essa situação. Como se essa tomada dos calçadões por ambulantes, se apropriando do espaço público, fosse um problema da prefeitura do Herval. Não basta a decadência do Calçadão, restaurado há pouco mais de dois anos, já tem aspecto de mais velho que o antigo. É uma pena, mas o Centro de Pelotas está cada dia mais decadente", acrescenta.

Um gerente de uma loja de móveis e eletrodomésticos próxima ao chafariz das Três Meninas, que não quis se identificar, afirma que desde que assumiu a gerência, em março, viu poucas fiscalizações dos órgãos responsáveis. "No máximo quatro".

Ele comenta ainda que os ambulantes com produtos pequenos não acabam prejudicando muito a relação com a clientela, porém, segundo o gerente, tem alguns que estendem tapetes e, visivelmente, atrapalham o trânsito de quem pretende entrar na loja. "Os clientes olham os tapetes e desistem de entrar", diz.

Fiscalizações diárias e Pop Center

A Secretaria de Gestão da Cidade e Mobilidade Urbana (SGCMU), em nota, garantiu realizar fiscalizações diariamente, com fiscais da pasta, de segunda a sexta-feira, nos turnos da manhã e tarde. Operações semanais, com apoio da Guarda Municipal e da Brigada Militar, também ocorrem.

A SGCMU ainda ressalta que o único local disponível para os ambulantes é o Pop Center. A Secretaria fez um aviso por escrito sobre a disponibilidade de vagas para bancas exclusivas para este tipo de vendedor, totalizando 40 vagas de responsabilidade da administradora, mas ninguém se interessou.

A prefeitura é responsável por 502 bancas no Pop Center, além de colocar o permissionário nestas bancas, fazer a autorização e fiscalizar. Questionada sobre o valor do aluguel, o Executivo municipal disse ser uma questão entre o permissionário e a empresa, bem como o valor pago por banca. A SGCMU abriu as últimas inscrições para lista de espera em 2017 e deve abrir mais no próximo ano. Os interessados podem se inscrever com documento de identidade e comprovante de residência.

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